Saturday, September 03, 2005

Leituras IV

Apesar de este romance só ter sido publicado em 1994, a sua história começou a escrever-se na cabeça de Gabriel Garcia Márquez muitos anos antes, quando em 1949, sendo ainda um jovem jornalista, fora destacado para cobrir a remoção das criptas funerárias do Convento de Santa Clara. Durante essa remoção foi descoberto um cadáver com uma cabeleira de 22 metros e 11 centímetros de uma Sierva María de Todos los Ángeles, o que fez recordar a este escritor colombiano uma velha história que a sua avó lhe contara sobre uma marquesa de longa cabeleira, que morrera muito nova por causa do ataque de um cão raivoso, e, desde então havia sido considerada uma mártir, sendo-lhe atribuídos diversos milagres.

Márquez aproveitando-se destes factos acaba por criar a sua própria história, a qual não poderia deixar de ser uma história de amor, neste caso entre Sierva María e um padre espanhol Cayetano Delaura, que sob o pretexto de a exorcizar acaba por se apaixonar por ela,

E sem lhe dar tempo a sentir pânico libertou-se da matéria podre que o impedia de viver. Confessou-lhe que não passava um momento sem pensar nela, que tudo o que comia e bebia tinha o sabor dela, que a vida era ela a toda a hora e em todos os lugares, como apenas Deus tinha o direito e o poder de ser e que o prazer supremo do seu coração seria morrer por ela.

A minha apreciação a um livro de Gabriel Garcia Márquez nunca poderá ser imparcial, ou não fosse O AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA, a história de amor mais bonita que algum dia alguém já escreveu. Folhear um livro de Garcia Márquez é sentir os aromas exóticos e o calor húmido dos trópicos a soltar-se de cada página, e sobretudo, é encontrar o amor na sua forma mais ternurenta e comovente. Creio, que só por isso, já vale a pena ler este livro.

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