Saturday, July 30, 2005

Já tenho as "valises" prontas


Vou de férias durante uns dias, como sempre cheia de tralha e com uma música que não me sai da cabeça, "Bucky done gone" da gaja aqui de cima, que eu acho o máximo.
Até ao meu regresso e espero que PARA VOSSO BEM, não se esqueçam do meu aniversário AHAHAH AHAHAH AHAHAH AHAHAH!!!!!! (este riso é suposto ser maléfico e vocês ficarem completamente assustados) ;)

Monday, July 25, 2005

Questionário cinéfilo

O Juom mandou-me este questionário e bem que podia ter-me deixado copiar as respostas para ser mais rápido, mas nãaaaaaaao. INBEJUOSO!!!!!

Este questionário criado pelo migueL (não faço a mínima ideia de quem seja), e parece que o desafio é depois cada um fazer o mesmo no seu blog.

1. O que é para ti o Cinema?

É um caleidoscópio de emoções humanas captada por alguns homens que são projectadas no interior de outros homens.

1.1 Como o encaras: Arte ou Entretenimento?
A magia do cinema reside precisamente aí na capacidade de ser arte ou entretenimento.

2. O que tem de ter um cineasta para que possas admirar a sua obra?
Tem de ter paixão pelo que faz.

3. O que tem de ter um actor/actriz para apreciares a sua interpretação?
Tem de ter a capacidade de entrega total à personagem, anular-se completamente enquanto pessoa e renascer no papel que faz.

4. O que preferes: créditos iniciais ou créditos finais? Porquê?
Sinceramente, é me indiferente.

5. Achas que as barreiras que separam o cinema das outras artes podem, em circunstância alguma, ser quebradas?
As diversas formas de arte não são formas estáticas, e a interacção entre as mesmas é perfeitamente viável. Alías, é até bastante comum os artistas plásticos recorrerem a projecções cinematográficas para melhor ilustrarem as suas criações.

6. Passo o desafio a...
A quem quiser responder.

Sunday, July 24, 2005

Leituras II



Ao ler este livro deparei-me com a minha velha luta perante um livro que não me agrada, "deixar o livro a meio ou prosseguir?", pois se há tanto para ler e tão pouco tempo porquê persistir em algo que só nos faz querer que as folhas se leiam a si próprias dando descanso aos nossos olhos?! Mas eu por princípio, não sou capaz de deixar um livro a meio (é uma das minhas maiores paranóias) e, portanto, chego sempre até à última página ainda que muito a custo.
Dan Brown descobriu um "filão de ouro" que o faz ser reconhecido mundialmente pelos seus best-sellers, não por escrever bem mas por saber explorar supostos segredos da Igreja Católica (não vou discutir se as conspirações que relata têm algum fundamento porque não sou versada no tema, apenas me interessando a intriga policial narrada). Creio que o único aspecto positivo é a forma desembaraçada como escreve, recorrendo a capítulos pequenos cuja solução dos problemas apresentados só é revelada mais adiante, tornando a sua leitura fácil e rápida, pois o leitor quer ir sempre um pouco mais longe na história (fórmula usual nos policiais).
E foi precisamente o facto de ser um livro fácil de ler que fez com que chegasse ao fim, mas com a certeza que seria muito mais interessante e menos chato se tivesse menos umas trezentas páginas.
Ainda assim e para quem esteja interessado, Dan Brown escreve Anjos e Demónios com base nos trabalhos do escultor Gian Lorenzo Bernini (1598-1980), os quais apresentariam símbolos ocultos que seriam pistas para uma conspiração da lendária sociedade secreta dos Illuminati contra a Igreja Católica, revelando uma ameaça de atentado por ocasião da escolha de um novo Papa.
Como pequena vingança apetecia-me dizer quem é o mentor da conspiração (apesar de se ver logo quem é, ninguém na igreja percebe tanto de ciência ... oops ... escapou-se).

Friday, July 22, 2005

Eu, a Susani e o Toto Cutugno na Linha de Sintra




Estava eu a fazer a minha cama, tendo a televisão ligada num desses canais que transmitem programas maravilhosamente pirosos logo pela manhã, quando num dos intervalos de 726 minutos ouço o anúncio aos Greatest Hits do Grande Toto Cutugno. Eu bem sabia que tantas horas de piroseira matinal haveriam de servir um dia para alguma coisa.

Na verdade, eu não conheço muito do Toto Cutugno .... pronto, eu assumo ... só conheço uma música o "L'italiano", mas para mim basta, porque me traz recordações maravilhosas das idas para faculdade com a minha amiga Susani.

Não sei bem como começou, nem o porquê, mas numa das manhãs comecei a cantar com voz rouca o L'italiano, ficando toda a carruagem a rir, e sobretudo nós as duas, com as lágrimas a escorrer face abaixo,

"Lasciatemi cantare
con la chitarra in mano
lasciatemi cantare
sono un italiano"
Claro, que a partir daí, o show propagou-se para outras carruagens, vinham pessoas de todo o lado, até da linha de Cascais preferiam andar na Linha de Sintra, já para não falar das perdas consideráveis que sofreu a Fertagus e ainda toda a linha do Norte.
Nós mais o Toto Cutugno é que éramos o verdadeiro arrastão, por arrastarmos tantas pessoas (sim, eu sei que foi uma piada forçada, but who cares???)
"Lasciatemi cantare
con la chitarra in mano
lasciatemi cantare
una canzone piano piano
Lasciatemi cantare
perche' ne sono fiero
sono un italiano
un italiano vero"
Obrigada Toto pelas garagalhadas que nos proporcionavas logo às 8 da manhã.

Wednesday, July 20, 2005

O Cachecol




Já são três da tarde e ele está atrasado para chegar a lado nenhum, corre para a estrada, mas o sinal dos peões acaba de mudar para verde e ele tem de atravessar quatro faixas que seguem de norte para sul e outras quatro que seguem de sul para norte.
Do outro lado, que por acaso não é o lado nenhum, ondula um cachecol no pescoço dela. Uma das pontas do cachecol, a ponta esquerda, arrasta pelo chão, perdendo as suas fibras no leve roçar ao passeio, que sem ninguém se aperceber vibra a esta subtil manifestação de carinho. Também ela espera atravessar para o outro lado, atravessando primeiro as faixas que seguem de sul para norte e depois as faixas que de norte seguem para sul.
Ele sente que não tem o mesmo tempo que o tempo, e que três minutos podem ser mais do que três minutos, quando um lugar chamado lugar nenhum espera por nós.
Ela tem tempo, não espera por nada porque já sabe que este tempo há muito que estava para acontecer, e três minutos são apenas três minutos, o coração dela segue as batidas do universo.
Ele conta os carros que passam e faz cálculos sobre os que faltam passar. Quantos carros passam em três minutos? Passam mais de norte para sul ou será que passam mais de sul para norte? Questões imbecis que servem para ocupar o tempo que teima em manter-se fiel ao mesmo segundo conduzindo a um desperdício inútil de horas, horas tão úteis para chegar a lado nenhum.


Ela repara na ponta esquerda do cachecol que acaricia o chão, o cachecol que era vermelho começa a ganhar uma outra cor, para a qual não encontra nenhuma definição, nenhum dos nomes que conhece para cores se pode aplicar a esta nova cor do seu cachecol. Mas nem todas as coisas têm nomes e nem por isso deixam de ser coisas, e por isso a nova cor é isso mesmo uma nova cor, nada mais que uma nova cor, que no futuro poderá ser comprada em bisnagas de cor-de-nova-cor e habitar numa palete de tintas de óleo de um qualquer pintor ficando entre o cor-de-laranja, o cor-de-amarelo, o cor-de-azul, o cor-de-verde, o cor-de-rosa, o cor-de-lilás, o cor-de-vermelho.
São três horas e dois minutos e alguns segundos, o sistema automático de regulação dos sinais luminosos nesta cidade inicia o processo que impede os carros que seguem de norte para sul e os carros que seguem de sul para norte continuarem a sua marcha, ficando parados entre sul e norte ou norte e sul, no meio de lado nenhum.
O sinal dos peões mudou para verde, sendo que o relógio bateu as três horas e os três minutos. Ele avança como se toda a sua vida tivesse ensaiado este passo, não havendo a mínima hipótese de perder o rumo em direcção ao lado nenhum.
Do outro lado, ela inicia o mesmo passo com a mesma decisão arrastando atrás de si um cachecol que já foi vermelho, e que agora uma nova cor tem. Um cachecol que sem qualquer pudor continua acariciar o chão, ao mesmo tempo que ensaia uma dança sincronizada com os passos que o guiam. Um pas-de-deux perfeito, se o passo era dado pela perna direita ele deslizava da esquerda para direita, e da direita para esquerda quando a perna esquerda tomava a dianteira.


Ele tinha acabado de atravessar as faixas que seguiam de norte para sul, ela chegou ao mesmo espaço, tendo atravessado as faixas de sul para norte. Ali não havia direcção nenhuma, apenas duas pessoas lado a lado, cada uma do lado esquerdo da outra, apenas um cachecol, que já foi vermelho, as separava naquele momento e naquele lugar. Um cachecol que se esqueceu dos passos ensaiados, iniciando uma nova dança com alguém que já não tinha vontade de chegar mas de partir daquele lado nenhum, para qualquer lado onde melhor pudesse dançar e criar cores cujo nome não há.São três horas e cinco minutos e o chão ainda se sente feliz.

Tuesday, July 19, 2005

Terror de te amar


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

----------------------------------------

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Moniqui in love est

O fim do dia









As nossas sombras chegaram primeiro que nós à aldeia, desaparecendo antes de puderem anunciar ao que vínhamos.

Tuesday, July 12, 2005

Leituras I


Não sou crítica literária nem tenho qualquer pretensão a tal, pelo que tudo o que escreverei de hoje em diante sobre os livros que me acompanham na mesa de cabeceira, não passarão de meras apreciações emotivas, e nada mais do que isso.
Pedro Paixão surge neste livro, mais uma vez (e muito bem) cercado pelo tema "amor", dele sugando todas as fórmulas químicas para transformar a sua solidão em algo mais, sabendo à partida que o verbo "amar não se conjuga no condicional". Reconhece que "muitas vezes ... as palavras são imprecisas. Não sabem dizer. São toscas, pouco nítidas, entregues ao mal entendido", ou ainda que "as palavras não são senão uma última tentativa de fixar o que não se deixa apanhar", mas nem por isso lhe falta o génio para expor aquilo que nos é comum a todos.
"O que mais quero de ti é muito mais difícil do que tudo que um corpo me pode dar. Quero que me ensines a amar, que ainda vou a tempo. Enquanto o prazer escapa entre os dedos finos sem deixar rasto, o amor, por definição, é eterno. Não tem princípio nem fim porque quem vive no seu presente vive na eternidade. E eu quero conhecer isso que sempre me faltou e falta."
"Só as almas são livres e eternas. Mas as almas não pertencem a este mundo. Estamos encurralados aqui, no espaço e tempo. Queremos sair daqui e não sabemos para onde. Daí a doce ilusão do amor, de uma religião só nossa em que o outro é eleito como único que nos salve desta miséria a todo o custo. Mas não há maneira. Há um acaso nisto tudo que se paga durante a vida toda. Por isso as lágrimas, as zangas, as pazes para que surjam mais zangas. Por isso tu e não outro porque o outro seria o mesmo que tu. Por isso o prazer que tudo faz esquecer, mas só por momentos, para que depois possamos voltar à aspereza das coisas, chocar contra a sua resistência. Mais vale a mentira do que a verdade para sempre encoberta. A verdade vem depois quando já nada há a esperar, quando voltamos depois de desfalecer. Por isso a perversidade em atrasar o prazer tanto quanto possamos, fabulando, mentindo, escondendo, fazendo-nos passar por quem não somos. Nós não somos nada senão o vazio que nos ocupa por instantes na agonia do tédio e da angústia. São os únicos momentos de verdade. É essa a certeza que tudo arrasa, levando todas as coisas de que é feito o mundo que habitamos, no solitário planeta, nas incontáveis estrelas e no indefinido. Como quem tomou o comboio errado e quer voltar para trás e perdeu as forças para tanto. Aliás apanhámos o comboio em movimento. Nada começámos, nada terminaremos. De nada serve perguntar pelo destino. (...)
Mas o amor não serve nada, nem ninguém. Atiramo-lo e ele volta para nós, até ao desfalecimento. Mas agora tudo tinha mudado, tudo se tinha invertido numa verdade maior. O que nos unia era a perversidade que nos dominava e nos fazia perder o medo do que quer que fosse, de nós próprios. Cometíamos o maior pecado, o da idolatria, em que um julgava poder salvar o outro, sós, sem mais ninguém no mundo e no céu que tudo envolve. Entre o sentido e a dissolução escolhêra-mos a dissolução, o que imperava."

Friday, July 01, 2005

Ai o Marlon ..



Às vezes ele chegava ao café, pedia-me uma bica escaldada e sorria assim desta maneira para mim.

E eu toda derretida dizia "Ai Marlon Marlon és tão bom!"

E quando ia a sair mandava-lhe logo outro piropo para que não se esquecesse de mim durante o caminho até às obras no estaleiro "Oh Marlon deixas-me sempre em lume Brando!"

Pensar em ti ..

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota com um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

António Gedeão